Arquétipos e Supergenes
6.1 - NOMENCLATURA AUXILIAR
Os textos Antigos sugerem nomear os animais que se posicionam para VER/OUVIR, de JULGADORES e os que se posicionam para SEREM VISTOS/OUVIDOS, de CONDUTORES.
E essas sugestões se justificam ...
6.2 - JUSTIFICATIVAS
Considere o ambiente de um TRIBUNAL. Como o JUIZ IDEAL não presenciou o evento em julgamento (se foi um roubo, ele não estava lá), não tem nada de importante a falar. O seu trabalho sensorial é VER e OUVIR os julgados. No contexto oposto, o de uma BATALHA, só o COMANDANTE IDEAL conhece a priori os verdadeiros motivos para a luta e a estratégia para o ataque, de onde essa figura simbólica não tem nada de relevante a ouvir(e ver) dos seus soldados. O seu trabalho sensorial é SE FAZER VISTO e OUVIDO por eles.
6.3 - DANDO NOME AOS SUPERGENES
Do exposto, designaremos os vetores VO e SVO no nível genômico, respectivamente, por supergenes J (de Julgador) e C (de Condutor):
Nomeados os supergenes e apresentados os perfis sensoriais das duas figuras simbólicas, ... estamos em condições de investigar as essências das mentes JULGADORA e CONDUTORA , o que possibilitará ao amigo internauta uma maior compreensão dos instintos dos quatro mamíferos focalizados.
6.4 - A MENTE JULGADORA(1)
O objetivo do JUIZ é chegar à decisão: réu inocente ou culpado. À sua frente duas possibilidades e ele não pode optar por nenhuma. É a imparcialidade, a opção por ambas. O papel do JULGADOR IDEAL é manter a DÚVIDA, pois no último segundo do julgamento pode surgir um depoimento inesperado e alterar a direção do veredicto. Este pensamento está na raiz da ação JULGAR. Vamos representá-lo por uma linha PARTIDA, segmentada nas duas alternativas:
Desde que no núcleo das mentes FELINA e EQUINA - tanto quanto na do JUIZ - não há o compromisso de optar, ... os corpos do GATO e do CAVALO estão aptos a seguir qualquer caminho, a mudar repentinamente de rumo, a passarinhar!
6.5 - A MENTE JULGADORA(2)
Certamente que um JUIZ sente, tanto que é comum ele intuir "algo no ar me diz que o réu é culpado", só que não pode optar, o SENTIMENTO tem que ser abafado - guardado - a INCERTEZA perdurar, do contrário a qualidade do veredicto é prejudicada. Disso se conclui: o JUIZ controla o SENTIMENTO com a força do seu PENSAR!
Para o conhecimento Antigo, o caráter da imparcialidade (da não-decisão) está no centro da personalidade do JUIZ IDEAL , do GATO e do CAVALO. E para que essa imparcialidade seja mantida, o sentimento tem que estar sob controle, CONTIDO, o que não significa que gatos, cavalos e juízes não os tenham. Eles têm sim - e como! - só que no ato da comunicação o guardam. Essa atitude também se explica sensorialmente: o sentimento atrapalha o VER/OUVIR, ... atividade audiovisual básica dos três.
E por estarem com o 'sentimento guardado' cabe ao JUIZ, ao CAVALO e ao GATO, o agirem 'PENSANDO'!
6.6 - APARTE
Para o senso comum, JULGAR é DECIDIR. Errado! Julgar não é decidir, é fazer os outros decidirem. Como pode o JUIZ decidir sobre um acontecimento que não presenciou? Quem decide são as provas, os fatos, a palavra das testemunhas, dos advogados!
6.7 - A MENTE CONDUTORA (1)
O objetivo do COMANDANTE é chegar à vitória. Diante dele a única decisão possível no contexto de uma batalha: VENCER. Vamos representá-la pela linha 'inteira':
Tanto o COMANDANTE IDEAL quanto CANINOS e BOVINOS são movidos pelo mesmo ímpeto primário. É a NÃO - DÚVIDA agindo. Vide-os arremetendo. Quanta certeza em seus movimentos!
6.8 - A MENTE CONDUTORA(2)
Evidente que o COMANDANTE IDEAL pensa. Vamos imaginá-lo na condição extrema: a sua tropa reduzida a 50 soldados, enquanto os inimigos são 500! É inevitável que em tal situação o COMTE elabore o raciocínio "numericamente estamos perdidos!", mas não pode se entregar a ele. Você confiaria a guarda da sua cidade a um general que admitisse a possibilidade da derrota? É por isso que o COMANDANTE aprisiona o PENSAMENTO , o guarda ... e em troca libera o famoso grito "VENCEREMOS", o que pela lógica da CONDUÇÃO IDEAL significa '50 são mais do que 500'. É a força do SENTIMENTO dominando o PENSAR!
As mentes CONDUTORAS se apóiam na parcialidade. E para que esta seja mantida, o PENSAMENTO é afastado, a DÚVIDA inibida. Se a decisão já foi tomada (a do COMTE de vencer a batalha e a do CACHORRO e do BOI de investirem em seus interlocutores ), não há o que pensar, ...é o SENTIR que os faz agir!
6.9 - RESUMO
Para os pesquisadores Arcaicos, a essência do perfil comunicacional de FELINOS e EQUINOS (o se comunicar com o sentimento guardado e o pensamento exposto) corresponde à essência do perfil comunicacional do JUIZ IDEAL, ... e a de CANINOS e BOVINOS (o se comunicar com o sentimento exposto e o pensamento guardado), com a do COMTE IDEAL.
Essas afirmações podem parecer estranhas, mas vistas sob a ótica Zen, são facilmente esclarecidas! Basta recorrermos ao GATO e ao CACHORRO nos desenhos abaixo:
Se no núcleo do PENSAR está o verbo PARTIR, no do SENTIR, o TOTALIZAR, UNIR ..
Para quem convive com os quatro mamíferos focalizados, ... a equivalência de conduta no enfoque acima entre FELINOS e EQUINOS e entre CANINOS e BOVINOS, é um fato: os primeiros agem 'pensando', os segundos 'sentindo'! Não será daí que vem a explicação para a 'ingenuidade' dos últimos e a 'sagacidade' dos primeiros!?
E a sua mente, amigo internauta ?! Prefere agir pensando ou sentindo?!
6.10 - "CONVERSA COM FILHOS"
Imagine-se conversando com seus adolescentes sobre um tema polêmico. A sua mente, como a de um JUIZ no Tribunal, tende a agir 'PENSANDO', isto é, com o SENTIMENTO sob controle ela prefere de início ouvir o que eles têm a dizer, ... ou tende a proceder como a de um COMANDANTE na Batalha: o sentimento ocupa o lugar dos pensamentos e impulsiona a sua própria opinião sobre o tema, deixando a dos filhos para depois?! Qual a tendência da sua mente, agir 'PENSANDO' ou 'SENTINDO'? Qual dos modos mais a satisfaz?
Se o amigo ainda está em dúvida , a vivência a seguir poderá esclarecer as coisas...
6.11 - "PASSOU DA HORA!"
Você teve um ligeiro bate-boca com a esposa.
A sua mente prefere conversar sobre o entrevero logo após ocorrido ou depois de uns dias? Para a mente tipo FELINA, conversar sobre um fato logo após a sua ocorrência é misturar sentimento ao pensamento. Os ânimos estão exautados e não é o momento adequado para análises. Por isso a mente felina prefere tocar no assunto passado um tempo.
A comunicação das pessoas de mente 'CANINA', por outro lado, é irrigada a SENTIMENTO e anseia em colocar os pingos nos is ali mesmo. Discorrer sobre um fato após dias de sua ocorrência, é livrá-lo da emoção, deixá-lo a sós com o pensamento, o que contraria a sensorialidade 'canina'.
6.12 - O VALOR DA PALAVRA
Para os que "agem pensando" - os de mente JULGADORA - as palavras têm valor absoluto, uma vez ditas jamais são esquecidas. Enquanto manipuladas no interior da mente, elas podem ser desconsideradas, substituídas (a escolha da palavra é justamente uma das etapas do pensar). A partir, no entanto, do instante em que são emitidas, não podem mais ser trocadas, tornam-se definitivas, Por isso - aponta o conhecimento Antigo - o cuidado dessas mentes ao se exteriorizarem verbalmente.
O mental CONDUTOR , que "age sentindo", atua no sentido inverso: pressionado pelo sentimento tende a superficializar a escolha da palavra. Exemplo: ao qualificar algo desfia um, dois ou mais adjetivos, o que indica que não os escolhe com a mesma atenção e presteza da mente oposta...de onde, para ele, a palavra tem valor relativo ...
Resumindo, você é ou não ... um 'escravo das palavras' ?
6.13 - A QUESTÃO ARQUETÍPICA
Amigo ou amiga internauta, ... a sua vida relacional se desenrola num Tribunal ou numa Batalha? Ao interagir, você tende a posicionar os seus interlocutores como réus (julgados) ou como soldados (conduzidos)?
Para o conhecimento Antigo, o caminho que leva à DIFERENÇA AH no DNA, passa por essa indagação!
6.14 - AS DUAS MENTES PRIMÁRIAS
A mente que parte, que pensa (a do JUIZ), se interessa pelo PROCESSO, ... e a que totaliza, que sente (a do COMTE), pelo OBJETIVO.
E a sua? É processual como a de um GATO, mais interessada no 'como' pegar a presa, do que nela em si, e por isso age segmentando a aproximação, dividindo-a em etapas ... ou como a de um CACHORRO tem a ideia fixa no alvo e assim não divide a operação de caça.Ao contrário, age de maneira total, aglutinando, sintetizando, percorrendo atalhos para chegar mais rápido!
Sinceramente, qual dos dois procedimentos o deixa mais feliz?
O P/O PROCESSO -- O P/O OBJETIVO
6.15 - APARTE
Está sendo possível, internauta-leitor, você considerar a hipótese - tendo em vista o exposto no segundo parágrafo do tópico precedente - de que a origem dessa dicotomia que se observa no nível fenotípico comportamental, pode estar no dualismo elementar 'a parte - o todo'... e que se assim é, essa informação está codificada no DNA?
6.16 - VOLTANDO AO CORPO
Pela ótica do conhecimento Antigo, os ambientes de um JULGAMENTO e de uma BATALHA ... e seus principais personagens, sendo de sensorialidades antagônicas, são os cenários perfeitos para se estudar planos corporais sensorialmente opostos. Vejamos:
Tanto num JULGAMENTO quanto numa BATALHA há duas perspectivas: réu inocente ou culpado, vencer ou ser derrotado. A diferença é que no primeiro evento a decisão acontece após o JUIZ interagir com o réu (depois de vê-lo e ouvi-lo) e no segundo, antes do COMTE interagir com seus soldados (antes do discurso à tropa, ele já decidiu vencer!)
Dessa oposição se conclui: o JUIZ atua - isto é, se comunica - com o corpo INDECISO e o COMTE com o corpo DECIDIDO.
Observe o GATO pensando em atravessar a rua! Quanta indecisão no seu corpo! O mesmo se dá com a égua selecionando as gramíneas no pasto, com as galinhas ciscando no quintal. Repare, em contraponto, no cachorro cruzando a estrada, na vaca avançando no capim farto, no jacaré abocanhando o peixe. Quanta decisão no movimento destes!
6.17 - SINCRONIA MENTE-CORPO
Evidente que a separação entre mente e corpo é artificial. Uma mente julgadora ('partidora') requer um corpo julgador ('partidor') ... e vice-versa! E o mesmo ocorre do lado condutor.
Atente, por exemplo, para o GATO ...
A capacidade de PASSARINHAR, de mudar o rumo repentinamente, advém tanto da sua mente imparcial, flexível (que não opta a priori), como do seu corpo igualmente imparcial, partido, capaz de fletir a qualquer momento! A flexibilidade ocorrendo na mente e no corpo, a sincronia é inevitável.
Desde que a separação mente/corpo é artificial, vamos aboli-la e utilizar preferencialmente a segunda, mais palpável. A mente faz parte do corpo!
6.18 - RETORNANDO À CONVERSA COM OS ADOLESCENTES
Qual o prazer do seu corpo ao conversar com os filhos sobre um tema polêmico: atuar NÃO-DECIDIDO, isto é, mantendo a imparcialidade o maior tempo possível, de um lado a opinião deles e do outro a sua (vide a figura abaixo...) ... ou a condição de imparcialidade , de incerteza, o deixa desconfortável e ele só relaxa com alguma decisão por dentro, e de preferência a primeira que surge – a sua!
Em suma: ao se comunicar, o ímpeto inicial do seu corpo é privilegiar a mensagem do outro, para que possa compará-la com a sua e assim estabelecer a DÚVIDA, ... ou é privilegiar a própria mensagem (a que você já conhece)? É a NÃO-DÚVIDA impulsionando o corpo.
6.19 - COMPLEMENTOS
Afim de que tenha mais subsídios para identificar o seu tipo sensorial (se JULGADOR ou CONDUTOR), vamos a mais alguns atributos dos arquétipos ...
O JUIZ IDEAL parte não só o que vê e ouve - uma pequena mancha de sangue na camisa do julgado, uma tosse fora de hora de uma testemunha - como também o que fala. Se necessário intervir, suas perguntas são segmentadas, picadas. Jamais a frase inteira "foi o Sr.quem matou fulano?" Como um GATO, o JUIZ atua passo a passo. Até sua fisiologia é `partida´, elástica, cada membro - ou parte dele - a seu tempo, o que garante o silêncio no Tribunal. Você já imaginou se no auge dos depoimentos, o JUIZ derruba o martelo da JUSTIÇA no pé do réu?!
Inversamente ao corpo do JUIZ, que se esconde no interior da toga, se ausenta, o do COMTE é pura presença! E para isso nada melhor que o corpo duro, rígido, todos os membros se movendo ao mesmo tempo! E as diferenças não param. Enquanto o JUIZ particula, o COMTE generaliza: se um dos soldados errou, a reprimenda é dirigida a todos! E em suas dramáticas intervenções, o olhar se comporta da mesma forma: desatento às partes e atento ao todo, ou como se diz na gíria do quartel, ... à moral da tropa!
6.20 - INTERDEPENDÊNCIA
A visão Ancestral, que enxerga os organismos no que eles têm de mais profundo, ressalta a "interconexão entre os corpos arquetípicos" ...
Considere a interdependência entre os corpos acima e conclua conosco: ... enquanto a decisão não ocorre (fase JULGADORA), o corpo é contido, contraído, partido, o sentimento guardado, ... é a vez do pensar! Tomada a decisão, não há mais o que pensar, o sentimento é exposto, ... e o corpo se expande, totaliza, se descontrai (fase CONDUTORA)
Pela visão Ancestral, no mais fundo do genoma do PROCESSO EVOLUTIVO se esconde essa dupla informação. O que não é uma hipótese estranha, afinal a EVO DEVO vem detectando que os genes direcionadores dos planos corporais estão no DNA do processo evolutivo, há milhões e milhões de anos, desde antes da explosão cambriana, ...quando nem haviam mamíferos. Se estes genes estão, não há porque os supergenes direcionadores dos planos comunicacionais também não estarem!
6.21 - CONCLUSÃO
Admitindo-se que FELINOS, CANINOS, EQUINOS e BOVINOS são produtos do Processo Evolutivo, e que os fatos linguísticos observados - os sensoriais modais primários - são biológicos, pode-se concluir que os planos comunicacionais (e em conseqüência os corporais) dessas 4 populações de mamíferos foram direcionados - utilizando-se a lúdica linguagem dos nossos ancestrais - por essas duas figuras simbólicas (por estes dois ARQUÉTIPOS) ou numa linguagem própria da Biologia moderna, pelas unidades informacionais genômicas JULGADORA / CONDUTORA (os super genes J e C ).